Visconde da Parnaíba
O Brigadeiro MANOEL DE SOUSA MARTINS, nasceu em 08 de dezembro de 1767 na fazenda Serra Vermelha, situada então no município de Oeiras, hoje localizada no município de Paulistana, Centro-sul do Piauí. Ele era filho legítimo do português Manoel de Sousa Martins e de Ana Rodrigues de Santana.
Já aos dezesseis anos ficou órfão de pai e, por conta disso, assumiu a responsabilidade de auxiliar a sua mãe na administração da fazenda e na criação de seus irmãos, todos mais novos. Foi vaqueiro hábil e negociante diligente no comércio de gado com a Bahia. Seu amadurecimento foi marcado pela labuta e dedicação às coisas do sertão piauiense.
Ingressou na carreira das armas como soldado raso e logo passou a furriel da 5ª Companhia do regimento de Cavalaria de Milícias de Oeiras, comandando na época, pelo Coronel Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar. O jovem Sousa Martins foi promovido a Alferes em 1804, e rapidamente galgou as mais altas graduações. Em 1812 era Coronel agregado, posto em que foi efetivado em 1815. Promovido a brigadeiro, reformou-se aos 53 anos de idade a pedido, sem soldo, em 1820.
O Brigadeiro Manuel de Sousa Martins - Visconde da Parnaíba - no transcorrer de sua brilhante passagem pela carreira militar, foi agraciado com as honrarias reais ou imperiais: Habito de Cristo (1811); em seguida, foi designado cavaleiro (1814) e comendador (1830) dessa mesma ordem; Oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro (1823); no ano seguinte foi elevado à dignatário e feito Fidalgo Cavaleiro da Casa Imperial; seu título de Barão data de 03 de junho de 1825, onde Visconde - com honras de grandeza - de 26 de julho de 1841.
A sua indelével e decisiva participação na história do Estado do Piauí e da Nação Brasileira ainda estava por vir.
O emprego civil que ocupou por muitos anos foi o de tesoureiro geral da junta real da fazenda. Participou, como vice-presidente, da junta administrativa que sucedeu a Elias José de Carvalho, não sendo porém reconduzido na remodelação levada a efeito, em 07 de abril de 1822, por força de memorável decreto das Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa.
Era dezembro de 1822 e a situação política estava tensa no País. Algumas das provinciais tinham já proclamado sua adesão à jovem Nação brasileira. Outras encontravam-se ainda sobre as mãos do governo de Lisboa, esforçando-se, porém para conseguir a liberdade. Dentre essas: Piauí; Maranhão e Bahia.
O Brigadeiro Souza Martins, nesta altura dos acontecimentos, é homem irrequieto, é o militar intranquilo, é o patriota indormido, é o piauiense que vibra orgulhoso e crente. A ele cabe a posição de guia e, daí, ele ser o chefe valoroso nos lances, a alma conclamante dos acontecimentos, o baluarte na quebra do militarismo e da política lusitana. E a sua ação não era e não foi precedida das trombetas da propaganda, quando vitorioso. Sereno, calado, falava nos estritos momentos de necessidades. Articulou os fazendeiros, que eram homens de posição social e econômica, desdobrou-se nas medidas que iam se amoldando à situação política, agiu com habilidade junto aos membros da Junta Governativa da qual já tinha sido membro e que fora extinta na hora precisa, animou os incrédulos, conclamou os compadres, parentes, amigos lavradores e elementos de prestigio do município, providenciou o contrato, mediante pagamento por conta do Governo, de homens do Crato, e do Icó para virem lutar no Piauí. Expediu ordens e pedidos a grandes distâncias para conseguir animais e peões das fazendas, e, finalmente, como militar (embora estivesse na reserva) teve a felicidade de conseguir a adesão da maior parte das tropas aquarteladas na capital, Oeiras. Não foi nem poltrão nem traidor, primeiramente por não ter medo, em segundo lugar porque se tratava de um movimento revolucionário, feito em favor do Brasil. (BRITO, 1978, P.186)
Ele fora substituído no comando das armas do Piauí pelo tenente-coronel Joaquim de Souza Martins, seu irmão. Porém o insígne brigadeiro não ficou muito tempo longe das altas posições administrativas. A 24 de janeiro de 1823 proclamava ele mesmo, apoiado pelo tenente-coronel, a adesão do Piauí à independência do Brasil e fidelidade a Dom Pedro I. Tornou-se, assim, presidente da pentarquia então improvisada na província. Vale lembrar a marcante e sangrenta batalha do Jenipapo que se deu às margens do riacho do mesmo nome no município de Campo Maior em 13 de março de 1823. Esse embate foi fruto da tentativa precipitada de independência na vila litorânea de Parnaíba em 19 de outubro de 1822. Foi nessa batalha que os piauienses, lutando, sofrendo e morrendo decretaram e selaram definitivamente a derrota das armas comandadas pelo major português Fidé e das ambições portuguesas em relação ao Norte do Brasil. Esse fato incitou os ânimos piauienses contra os portugueses e foi um fator capital para a decisão de Sousa Martins em favor de Dom Pedro I.
"É necessário lembrar que no sul a independência foi aplauso e festa. No norte, fome e sangue. A batalha do Jenipapo decidiu a unidade brasileira (COSTA, 1974, p 361).
Tendo o Coronel Simplício Dias da Silva, primeiro presidente nomeado por D. Pedro I, adiado indefinidamente a sua posse, sua nomeação foi considerada caduca; e Manoel de Sousa Martins continuou à frente da administração, primeiro como presidente de província temporário, eleito a 19 de setembro de 1824, e depois como presidente nomeado por carta imperial de 1º de dezembro do mesmo ano.
No dia 9 de dezembro de 1828, o brigadeiro Manoel de Sousa Martins, já investido do título de Barão de Parnaíba, passou o exercício da presidência da Província do Piauí ao tenente-coronel Inácio Francisco de Araújo Costa, membro do Conselho Geral da Província.
Voltou à governança fugazmente a 15 de fevereiro de 1829 - para passá-la dois dias depois ao Presidente João José de Guimarães e Silva. Contudo, adoecendo gravemente , Guimarães e Silva transmitiu, doze dias antes de sua morte, ocorrida a 19 de fevereiro de 1831, o poder, novamente, ao Barão de Parnaíba.
Este governou então como conselheiro e depois como presidente, nomeado por carta imperial de 1º de julho de 1832 até 30 de dezembro de 1843. Quando o, então, Visconde da Parnaíba, aos 76 anos de idade, foi sucedido pelo futuro Visconde de Jaguarí - José Idelfonso de Sousa Ramos.
O célebre expoente da história do povo piauiense, brigadeiro Manoel de Sousa Martins - o VISCONDE DA PARNAÍBA - veio a falecer em 20 de fevereiro de 1856, aos 88 anos, sendo sepultado junto ao altar-mor de Oeiras, primeira capital histórica do Piauí. Morria o homem, nascia o ícone piauiense que legou a seu povo o modelo de homem integro, dedicado e perspicaz nas coisas que fazia, leal às suas convicções e fiel às suas origens de nordestino sertanista. Honrou o seu Estado e, acima de tudo, dignificou o sentimento de patriotismo pelo Brasil
O ilustre Visconde da Parnaíba é considerado herói piauiense e, por conta disso, foi adotado como patrono do Instituto Histórico de Oeiras - A Casa do brigadeiro Sousa Martins.
Texto extraído da Proposta de Denominação Histórica do 3º Batalhão de Engenharia de Construção com os seguintes créditos:
- Pesquisador: Cel Eng Ferdinando de Araújo Milanez - Cmt do 3º BE Cnst
- Orientadores: Prof. Pedro Ferrer Freitas, do Instituto Histórico de Oeiras; Deputado estadual Homero Castelo Branco, da Academia Piauiense de Letras; Dr Dagoberto Carvalho Junior - Historiador, da Academia Piauiense de Letras, do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de pernambuco, do Instituto Histórico de Oeiras
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